É difícil quando você passa tanto tempo se escondendo. Você grita por dentro mas ninguém consegue ouvir. Se uma árvore cai no meio da floresta e não há ninguém pra escutar, ela faz barulho? Se alguém grita em uma montanha e não há ninguém pra ouvir, o som faz eco?
Muitas vezes eu desejei que alguém pudesse olhar dentro de mim, tirar um pedaço e me mostrar “olha, você é bonito aqui, nessa parte”. Tudo o que eu vi todo esse tempo foram os pedaços mais feios de mim. As piores coisas e as piores partes, e agora com os olhos cheios de neve, não acho que sou capaz de ver alguma coisa.
Quantas vezes eu não desejei dizer “Corte-me e me diga o que está dentro. Me diagnostique porque eu não posso continuar me perguntando o por quê.” Eu achei que isso passaria. Que com o tempo eu ia conseguir derreter todo essa frieza que se instaurou dentro de mim mesmo. Não há nada que eu odeie mais que eu mesmo. Esse frio apagou qualquer calor que pudesse uma vez existir em mim. Apagou o fogo brando que me fazia querer existir. E não, não é uma fase porque acontece o tempo todo. E quando a pessoa não encontrasse nada, eu iria queria gritar “Comece de novo, cheque mais uma vez, e me diga o que você encontrar.” Mas eu nunca fiz. No fundo eu sabia que era inútil.
E todo esse tempo eu criei uma barreira exterior. Se eu não mostrasse quer dizer que não sentia, não é? Alguém me disse uma vez que: “Se você fingir se sentir de certa forma por um tempo, em algum momento esse sentimento pode se tornar genuíno por acidente”. Isso nunca aconteceu. Eu me escondi por tempo demais dentro daquela montanha,achando que podia aguentar. “Porque eu eu estou saindo, eu vou esconder o que é real.” Mas eu não pude. E agora o começo a sentir os efeitos da hipotermia. Estou no pico da montanha, desesperado por ajuda. Grito em plenos pulmões. Será que alguém pode responder?
Esses sentimentos pesados não saem de dentro de mim. Eles me paralisaram com o frio. Eu não consigo suportar. É como uma avalanche. Eu me sinto soterrado. Porque o peso é como se tivessem mãos ao redor do meu pescoço. Eu nunca tive uma chance de me aceitar. Me recuperar. Meu coração está congelado. E eu sinto que estou pisando em gelo fino.
Eu estou quebrado? Qual a minha chance de sobreviver? Há muito eu perdi a esperança. Desolado. Desesperado. Sozinho. Desamparado. E nada que eu faça parece fazer tudo passar. Eu não vou melhorar. Há tempo demais esse gelo congelou todos as partes que um dia ardiam dentro de mim. Eu sou meu pior inimigo. Eu tentei dizer pra mim mesmo “Não me engane ou duvide de mim”, mas é em vão. Minha mente trata de trazer a tona, enterradas na neve as partes ruins soterradas de mim mesmo. Eu me sinto como um suicida. É como se um pedaço de mim morresse a cada dia. Eu preciso de ajuda. Será que alguém pode me ouvir? Eu grito mais alto. Se você pode fazer algo por mim, apenas me dê isso direto, porque eu estou ficando sem tempo. Eu preciso de outra droga, agora que você pode prescrever.
Eu preciso de uma cura pra mim porque um quadrado não cabe num círculo. Me dê um remédio porque minha cabeça não está conectada a este mundo.
Me dê um remédio porque quando bate, é como se uma avalanche me acertasse.
Está muito frio.
A chama se apagou.
segunda-feira, dezembro 07, 2015
Avalanche
fonte: http://flagrare.com.br/tagged/Avalanche
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