Então mais uma vez a historia se repete, alguém com que eu me importo se vai e deixa um enorme espaço vazio, impreenchível.

Me encontro em um corredor mal iluminado, com um vento frio ecoando por toda sua extensão, um corredor úmido, aonde a respiração é sufocante, você não vê muito a frente, e tudo atrás já se transformou em ruínas. Minhas únicas companhias são a solidão, e essa dor que rasga meu peito, deixa a vista minhas costelas quebradas e com os fragmentos dela encravados em meu coração. Se tivesse alguém por mim, se existisse alguém por mim, essa pessoa poderia seguir o rastro de sangue, poderia me salvar. Mas não há ninguém. Então vago para o destino incerto, caminho por esse corredor infinito me escorando em suas paredes, arrastando os pés que mau suportam o peso do meu corpo que agora se sente fraco e cansado. Nenhuma dor física pode superar a dor que sinto dentro de mim.

Minha mente se tornou toxica e assombrada, aonde as únicas alternativas são me manter na superfície de um mar de lama aonde sou assombrado pelos meus próprios fantasmas e intoxicado por uma nevoa que domina todo o ambiente ou me afogar, me deixar afundar, nesta imensidão de lama aonde não se sabe aonde vai parar, a razão já não existe e a vontade de deixar-se afundar até não poder sair mais dominam todo seu corpo, a vontade de deixar seu corpo afundar, sem ter que se esforçar ou reagir até cair no esquecimento e deixar-se de existir.

Eu sabia que em meu caminho acabaria machucado. Porém, mesmo assim, eu me entreguei sem reclamar, pois pela primeira vez na vida achei que poderia fazer a diferença, mas eu estava errado.

Sempre achei que poderia fazer a diferença, poder ajudar alguém, poder amar alguém, mas isso não é o suficiente, não foi, e mais uma vez perdi essa batalha e agora me encontro nesse estado.

Por que nos acabamos por outras pessoas? Por que acreditamos em amor? Se temos medo do amor teremos coragem de que?  Não existe respostas pra essas perguntas, e já não creio mais que essas coisas existam.

Ultimamente tenho acordado sozinho, a dor faz com que algumas lágrimas rolem pelo meu rosto, e a cada vez que paro neste corredor frio para poder enxuga-las boas lembranças me voltam a mente e me torturam por ter perdido o que me fazia bem. Talvez eu seja um fraco, e derrotados como eu não são digno de companhia alguma.

Já não tenho mais vontade de caminhar por esse corredor, não faz sentido isso. Por qual motivo alguém tão ferido e acabado que nem eu continuaria a seguir um caminho o qual o seu destino é desconhecido e já não existe mais a vontade de lutar? Não existe mais nenhum desejo, exceto o de deitar ali mesmo, naquele chão úmido, naquele lugar escuro e perecer, deixar meu corpo ao descanso eterno e afogar minha mente em um mar de lama.